O fim do Petro: o encerramento da criptomoeda da Venezuela
Nesta segunda-feira (15), a Venezuela anunciou oficialmente o encerramento da sua criptomoeda Petro, mais de cinco anos após o seu lançamento inicial. A decisão foi comunicada através de mensagens exibidas na Plataforma Patria, o único site onde era possível negociar o criptoativo alvo de muitas controversas.
Origem e objetivos do Petro
O presidente Nicolás Maduro lançou o Petro (PTR) em fevereiro de 2018 com o objetivo de apoiar a moeda nacional, o bolívar. Isso porque uma forte crise econômica atingia o país, impactando o preço da moeda nacional. Vale ressaltar que a crise foi agravada pelas sanções dos Estados Unidos.
A ideia por trás do Petro era criar uma moeda digital lastreada nas ricas reservas de petróleo do país. A intenção era utilizar as reservas como garantia do valor do criptoativo. No entanto, a criptomoeda já estava envolta em polêmicas antes mesmo de seu lançamento.
Controvérsias e dificuldades enfrentadas
O congresso controlado pela oposição no país afirmou que era ilegal usar as reservas de petróleo como garantia do Petro. Além disso, em 2019, autoridades dos EUA impuseram sanções a um banco russo por financiar a criptomoeda venezuelana, o que prejudicou ainda mais sua credibilidade no cenário internacional.
Apesar das tentativas do governo de vincular o Petro a serviços públicos e de utilizá-lo como meio de pagamento em iniciativas sociais, como o programa habitacional, a moeda digital não alcançou adesão suficiente. O salário mínimo do país chegou a ser atrelado em 50% ao valor do Petro, mas isso também não foi o suficiente para impulsionar seu uso no dia a dia da população.
Em relação às transações internacionais, o Petro nunca foi utilizado para acordos fora do país. Em 2018, o então presidente dos EUA, Donald Trump, impôs restrições que impediram cidadãos americanos de comprar o Petro, o que limitou ainda mais seu alcance global.
O desfecho final e suas consequências
O fim do Petro na Venezuela foi marcado por um escândalo de corrupção envolvendo irregularidades financeiras no uso de criptoativos em operações de petróleo. Um possível esquema de corrupção de US$ 20 bilhões relacionado à venda de petróleo venezuelano foi revelado, o que resultou na renúncia do ministro do petróleo, Tareck El Aissami.
Além disso, o governo adotou medidas rigorosas contra operações de mineração de Bitcoin no país, como uma forma de retaliação às irregularidades envolvendo o Petro. Esses acontecimentos apenas aumentaram a desconfiança internacional e dificultaram ainda mais a manutenção da criptomoeda no mercado.
Consequências e retrospectiva
Para o economista venezuelano Aaron Olmos, o fim do Petro cria um precedente ruim para o país. Ele ressalta que a descontinuação da moeda digital representa o desmantelamento de algo que fazia parte da proposta econômica de 2018 e evidencia a ineficiência da gestão pública no controle da situação.
Com a decisão de encerrar o Petro, os Petros remanescentes estão sendo convertidos para bolívares, a moeda local. No entanto, devido à desvalorização acentuada do bolívar, espera-se que essa conversão não seja favorável para os detentores da criptomoeda.
Considerações finais
O encerramento do Petro marca o fim de uma iniciativa que tinha como objetivo solucionar os desafios econômicos da Venezuela, mas que acabou enfrentando controvérsias, desconfiança internacional e dificuldades práticas. O desfecho acompanhado de um escândalo de corrupção colaborou para a falta de credibilidade da moeda digital e evidenciou os problemas enfrentados pelo país sul-americano.
Ao mesmo tempo em que representa o fracasso do Petro, a decisão pode abrir espaço para novas iniciativas e reflexões sobre a utilização de criptomoedas em momentos de crises econômicas acentuadas. Resta aguardar e observar como a Venezuela lidará com essa situação e quais serão seus próximos passos para tentar reverter a difícil situação econômica que enfrenta.
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